sábado, 18 de setembro de 2010

Arquipélago Fernando de Noronha







Equipe: Vandeilson Nascimento dos Santos
Nelcineide Rodrigues dos Santos
Luara Keite Silva de Lima






Arquipélago Fernando de Noronha



Trabalho apresentado ao 8º período do curso de Licenciatura em Geografia da FAFOPST para obtenção de nota e divulgação do conhecimento referente ao arquipélago Fernando de Noronha.





SERRA TALHADA
2010

Introdução

Neste trabalho será mostrado como objeto de estudo o arquipélago Fernando de Noronha. Será visto algo como: história, geografia, economia, entre outros itens que podem ser mencionados sobre este local de imensa beleza.
Fernando de Noronha ou Fernão de Noronha é um arquipélago pertencente ao estado brasileiro de Pernambuco, formado por 21 ilhas e ilhotas, ocupando uma área de 26 km², situado no Oceano Atlântico, a leste do estado do Rio Grande do Norte. Constitui um Distrito estadual de Pernambuco desde 1988, quando deixou de ser um território federal cuja sigla era FN. É gerida por um administrador-geral designado pelo governo do estado. A ilha principal tem 17 km² e fica a 545 km do Recife e a 360 km de Natal.
Após uma campanha liderada pelo ambientalista gaúcho José Truda Palazzo Jr., em 1988 a maior parte do arquipélago foi declarada Parque Nacional, com cerca de 8 km², para a proteção das espécies endêmicas lá existentes e da área de concentração dos golfinhos rotadores (Stenella longirostris) que lá se reúnem diariamente na Baía dos Golfinhos - o lugar de observação mais regular da espécie em todo o planeta.O único núcleo de povoamento em Noronha é Vila dos Remédios, mas não é considerada capital por ser a ilha considerada um distrito estadual.

FERNANDO DE NORONHA


1 – História

            A data do descobrimento de Fernando de Noronha é desconhecida. Pela posição geografia, parece tratar-se da ilha de São João, constante no planisfério de Juan de La Cosa, desenhado em fins de 1500 (BARSA, 1990). O visconde de Santarém atribuiu a descoberta do arquipélago a Gaspar de Lemos, comandante da nau de provisões de Cabral, que teria avistado a ilha no dia 24 de junho de 1501, e assim ter-lhe-ia dado o nome de Ilha de São João em homenagem ao santo. Outra referência sobre a sua existência, com o nome de Ilha da Quaresma, aparece no Mapa de Cantino, 1502.
            Contudo, seu descobrimento e posse oficial para a Coroa de Portugal, em 1503, é atribuído a Américo Vespúcio, participante da segunda expedição exploradora da Costa Brasileira (Terra de Santa Cruz como era denominada na época), comandada por Gonçalo Coelho e financiada pelo fidalgo português Fernão de Loronha, cristão novo, arrendatário de extração do pau-brasil (BARSA, 1990).
            Em 1504, o arquipélago foi doado ao mesmo Fernão de Loronha pelo EL-REI D. Manoel, em carta de 16 de janeiro, constituindo a capitania de da Ilha de São João, sendo assim a primeira capitania hereditária do Brasil.
            Segundo Costa (1887, p. 20), Fernão de Loronha, donatário da Ilha de São João, teria direitos e jurisdição todo o tempo em que a ilha fosse povoada e que, por falecimento, os direitos passariam para um de seus filhos.
            A partir de 1530, a ilha já aparece com o nome de seu donatário, como consta no Diário de Navegação da armada de Martim de Afonso Souza.
            O primeiro donatário e seus sucessores nada fizeram pela ilha. Como era ponto de ligação da rota Europa/Brasil, começou a atrair cobiça de outros povos. Os primeiros invasores foram os ingleses em 1534; os franceses em 1556,1558,1612 e 1736; os holandeses de 1629 a 1654.
            A Carta Regia de 1700 determinava que a ilha de Fernando de Noronha ficasse pertencendo a capitania de Pernambuco, de onde seguiria o destacamento par a sua guarnição (COSTA, 1887). Mesmo assim, a ilha ficou abandonada e a mercê dos invasores. Em 1736 foi ocupada novamente pelos franceses, que lhe deram outra designação: Isle Delphine.
            Pela sua posição estratégica, o Governo tomou providencias enérgicas no sentido de assegurar a Coroa Portuguesa a sua posse. Assim, em 1737, foi definitivamente ocupada por portugueses que começaram a construir as primeira fortificações. Dez fortificações foram construídas, destaca-se o Forte de Nossa Senhora dos Remédios, em 1738.
A partir de 1772 foram enviados a ilha, os primeiros presos comuns e prisioneiros políticos. O aparato militar, usado para defender a ilha dos invasores, foi usado para garantir também a Colônia Correcional.
Em 1822, sob a jurisdição de D. Pedro I, o Arquipélago passou ao Ministério da Guerra.
Com o advento da República, foi devolvido ao Estado de Pernambuco, em 1891, cuja posse definitiva só ocorreu em 1897 (LEITE, 1994, p. 8).
Em 1938, foi vendido para o Ministério da Justiça, transformado em Presídio político e colônia correcional. Foi utilizado como presídio por dois séculos, devido a seu isolamento em pleno oceano.
Durante a Segunda Guerra Mundial, 1942, transformou-se em território Federal (Decreto Lei nº 4.102, de 09/02/1942), com objetivos militares, em virtude de sua ótima posição estratégicas, de sentinela avançada do território brasileiro, dominando as comunicações marítimas e as áreas entre o continente sul-americano e a Europa e África (SOARES, 1964, p. 353). Os presos políticos e comuns forma mandados para o presídio de ilha Grande, no Rio de Janeiro.
Durante a administração militar, que ocorreu de 1943 a 1986, a ilha obteve grande parte de sua infra-estrutura, como: aeroporto, estradas, escola, hospital etc. a administração civil começou em 1987, através do Ministério do Interior, logo depois, em 1988 pela nova Constituição Federal promulgada em 05 de outubro de 1988, art. 15, das disposições transitórias, foi extinto o Território Federal e o arquipélago foi reincorporado ao Estado de Pernambuco como Distrito Estadual, gerido por um Administrador Geral nomeado pelo Governador do Estado e referendado pela Assembléia Legislativa.
A sede do Distrito Estadual está situada na Vila dos Remédios, no Palácio São Miguel, e tem por foro a Comarca do Recife.

2 – Controvérsia

Atualmente há controvérsias sobre qual estado o arquipélago deveria pertencer. Considerando a localização geográfica, Fernando de Noronha deveria pertencer ao estado do Rio Grande do Norte. Segundo o deputado Ismael Wanderley (PMDB-RN) que à época da criação da constituição de 1988 tentou aprovar uma emenda que anexava o arquipélago ao Rio Grande do Norte, justificou que o RN não tinha um trade turístico forte na época, por isso não conseguiu exercer influência suficiente para aprovar a emenda.

3 – Aspectos Físicos: Geologia e Geomorfologia

            Fernando de Noronha é um pequeno arquipélago vulcânico instalado no topo de uma montanha submarina de 4.000m de altura, na Dorsal Mediana do Atlântico. “Situado no Atlântico Sul equatorial [...]. É constituído de rochas do alto de um monte vulcânico que faz parte da cadeia homônima [Fernando de Noronha] desenvolvida numa zona de fraturas oceânicas orientadas a E-W. [...] As rochas vulcânicas fortemente alcalinas e subsaturadas. Representam dois episódios vulcânicos maiores cujos produtos constituem as formações Remédios e Quixaba. As do mais antigo, datado do Mioceno Superior, são piroclastos penetrados por domos, plugs e diques fenoliticos e tranquiliticos e por numerosos diques de variados tipos de rochas alcalinas. Processos erosivos destruíram as rochas vulcânicas desse ciclo, seguindo-se Quixaba, do Plioceno Superior, representado por derrames ankaratritos, rochas piroclásticas e diques de nefelinito. [...] As pequenas ilhas do arquipélago oferecem aspectos diversos, de acordo com a sua constituição geológica. As fenoliticas apresentam-se como picos destacados (ilha do Frade, Sela Gineta, Cabeluda). As de derrames de lava são tabulares, como Rata e São José, ou rochedos escarpados (Dois Irmãos). As ilhas formadas por calcarenitos são baixas e de relevo tabular (ilhas do Meio e Rasa)” (ALMEIDA, 2000).
Seu relevo é predominantemente estrutural, compreendendo planaltos, morros, picos, mesetas e patamares escalonados. Em resumo, em Fernando de Noronha existem três tipos distintos de Relevo; a) o Planalto Central, que se estende, quase até a Vila da Quixaba, com altitude média de 45 m; b) o estreito planalto de lavas, para oeste; c) um 3º planalto de lavas, na parte mais oriental da ilha, com declives escalonados, podendo-se identificar a posição a posição original dos derrames (BELTRÃO, p. 35).
Destacam-se, no relevo da ilha principal, o Pico com 321m de altitude, ponto culminante; o Atalaia Grande com 223 m de altitude, o Alto dos Dois Abraços com 171 m de altitude, o Alto da Bandeira com 160 m, o morro do Curral, com 126 m, o de Santo Antônio com 105 m e, finalmente, o morro do Francês com 195 m.  

4 – Geografia

Fernando de Noronha ou Fernão de Noronha é um arquipélago pertencente ao estado brasileiro de Pernambuco, formado por 21 ilhas e ilhotas, ocupando uma área de 26 km², situado no Oceano Atlântico, a leste do estado do Rio Grande do Norte. A ilha principal tem 17 km² e fica a 545 km do Recife e a 315 km de Natal.

4.1 – Clima

        O clima de Fernando de Noronha é tropical, com duas estações bem definidas. Pela classificação de Köpen é do tipo Aw’. Semelhante ao do litoral oriental do Rio Grande do Norte, do qual de 315 km, apresentando porém acentuada influencia marítima.
            O total das precipitações anuais situa-se em torno de 1.421 mm, apresentando duas estações bem marcadas: uma chuvosa e outra de estiagem. A chuvosa vai de fevereiro a junho (chuvas de outono), quando caem 1.261,5 mm, ou sejam, 88,7% do total anual de chuvas, é o mês mais chuvoso. No período de estiagem, os meses de outubro, novembro e dezembro são os mais secos, com um total de 43 mm, sendo que a precipitação mínima chega a 12,1 mm (com 7 dias de chuvas), no mês de outubro (INMET, Normais Climatológicas, período de 1990 a 1991).
            O regime de chuvas no Arquipélago é determinado pela Zona de Convergência Intertropical, responsável por aguaceiros convectivos que acontecem no final do verão e do outono.
            A temperatura média anual fica em torno de 26,5ºC, amenizada pelo sopro constante dos Alísios de Sudeste. A máxima absoluta é de 32,2ºC e a mínima é inferior a 18ºC. O mês de fevereiro é o mais quente (27,1ºC) e junho o mês mais fresco (25,7ºC). A umidade média relativa do ar é de 79%, variando de 84% no período chuvoso a 75% na época da estiagem (INMET, Normais Climatológicas).

4.2 – Fuso Horário

A rotação da Terra – movimento executado pela terra,em torno da linha dos pólos de oeste para leste, em 23 horas, 56 minutos e 4 segundos, ou um dia – estabelece os fusos horários, cada um dos 24 fusos situados entre pares de meridianos terrestres afastados 15º entre si, e dentro do qual permanece a mesma hora legal. O Brasil era cortado por quatro fusos até 2008, desde então somente por três fusos, em Fernando de Noronha o fuso horário é uma hora a mais que em Brasília e de duas horas a menos de Greenwich, isto é, ele está localizado no 3º fuso.

4.3 – Hidrografia

            Em Fernando de Noronha, não existem cursos d’água perenes. Os riachos existentes são de regime torrencial e deixam de correrem todos os anos na época seca. Segundo Beltrão, “a drenagem da ilha principal, sofre influencia estrutural e é conduzida pelos profundos vales entalhados entre as elevações vulcânicas.”
            Distinguem-se algumas pequenas bacias, que devido a pouca altitude e ao clima de acentuada estiagem têm reduzida capacidade de retenção de água. Seus riachos têm fluxos cortados logo após a estação chuvosa. Como o riacho do Mulungu, desembocando na praia do Cachorro, córrego da Atalaia, desembocado na praia do Atalaia, riacho de Boldró, desembocado na praia de mesmo nome e o riacho Maceió, o mais importante de todos, pois alimenta a barragem do Xaréu, desembocando na baía de Sueste. Seguem-se outros de menor importância como o que vai ter à enseada de Caieira, outro que deságua na praia de Conceição e finalmente, o que desemboca na baía do Sancho.

4.4 – População e Equipamento Urbano

            A população da Ilha de Fernando de Noronha, a única habitada no Arquipélago, é de 3.108 habitantes segundo dados do IBGE em 2009. A grande maioria mora em um pequeno núcleo urbano, a vila de Nossa Senhora dos Remédios.
            A ilha dispõe de razoável infra-estrutura, como: estrada asfaltada, a BR-363, considerada a menor BR do Brasil, com 7,9 km. Porto de Santo Antônia, molhe construído a partir de 1987; TV Golfinho, Radio Golfinho FM, aeroporto, escola com ensino Fundamental e Médio (Unidade Integrada de Ensino, subordinada à Secretaria de Educação), farmácia, padaria, correios, posto de gasolina, hospital (São Lucas), banco, agência de viagem, supermercados, bares, central de artesãos, sistema de telefonia convencional e celular, usina termelétrica, estação de tratamento de água, usina de tratamento e reciclagem do lixo (com capacidade para recolher e tratar 40 toneladas/mês, efetuar o processo de transformação do lixo orgânico e sua prensagem em fardos para a devolução ao continente), usina eólica, sistema de esgoto, um hotel e inúmeras pousadas.
            A energia elétrica (24 horas) vem de geradores movidos a óleo diesel, com voltagem de 220 volts, e a vento. A estação de tratamento de água distribui toda a água proveniente da chuva armazenada no açude do Xexéu e vários poços.
            O transporte aéreo para o continente é feito por duas companhias de aviação. O aeroporto da ilha tem uma pista de pouso com 1.800 metros de extensão e corta com um Departamento de Proteção ao Vôo. O transporte marinho é feito por embarcações que demandam os portos de Recife e Natal.
            A escola do arquipélago foi construída pela SUDENE, em 1964, e oferece no ensino Fundamental 420 matrículas, no Ensino Médio 133 matrículas e 210 na Educação Infantil (Censo Escolar 2001).

5 – Economia

As principais atividades econômicas da ilha de Fernando de Noronha são: serviços públicos, a pesca e, atualmente, a exploração do turismo.
O arquipélago de Fernando de Noronha possuía em 2005 um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 22.802.000,00 e uma renda per capita de R$ 10.001,00. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do distrito estadual foi calculado em 0,862 (PNUD/2000).
A agricultura é pouco expressiva, devido a má distribuição das chuvas e a impossibilidade de irrigação, produzindo poucos produtos alimentares como: milho, mandioca, fava, além de frutas, verduras e legumes, que não atendem ao consumo local.
Existe na ilha um pequeno rebanho bovino, destinado ao corte e a produção de leite e um numero maior de caprinos e ovinos.
5.1 – Indústria

            A única indústria existente na ilha é a Noronha Pesca Oceânica (NPO) que começou a funcionar, em 1993. Trabalha com a captura de tubarões para o fabrico de tubalhau (filé de tubarão salgado, seco e prensado). O processo de fabricação é artesanal desde a pesca até o beneficiamento, do qual resultam  ainda como subprodutos, o óleo de fígado de tubarão e bijuterias.
            Como a pesca industrial é proibida e a artesanal é controlada pelo IBAMA, que catalogou os pescadores (em numero de oito) e delimitou áreas para pesca, a Noronha Pesca Oceânica vem diminuindo e diversificando sua produção.

5.2 – Turismo

O turismo em Fernando de Noronha tornou-se a principal fonte de renda. A ilha dispõe de um hotel e 108 pousadas cadastradas.
            Existem muitas atividades destinadas ao turista, como passeio de bugues, jipes e motos para conhecer a ilha e suas belíssimas praias, mergulhos submarinhos, bares com comidas de frutos do mar e com música, bem como, lojas de artesanato.
            Como a ilha tem uma capacidade limitada de ocupação, a entrada e permanência dos visitantes dependem de autorização prévia, a partir do preenchimento de uma guia de encaminhamento do visitante e do recolhimento da taxa de preservação ambiental (TPA) instituída pela Lei nº 10.403 de 29 de dezembro de 1989, modificada pela Lei nº 11.305 de 28 de dezembro de 1995. A TPA e cobrada de todas as pessoas, não residentes ou domiciliada no arquipélago, que estejam em visita, e destina-se a assegurar a manutenção das condições ambientais e ecológicas do arquipélago. Às pessoas que estejam a serviço ou realizando pesquisas e estudos de caráter cientifico, quando vinculadas ou apoiadas por instituições de ensino ou pesquisas, as que estejam de visita a parentes afins, residentes no Distrito Estadual, não serão cobradas a TPA desde que a visita não seja superior a 15 dias.

6 – Fauna e Flora

            Nos períodos em que foi presídio, a vegetação primitiva foi sistematicamente cortada para evitar que os prisioneiros utilizassem  a madeira para construção de barcos para fuga. Atualmente, a vegetação da ilha é constituída de arvores de pequeno porte e áreas de capoeiras. Da antiga Mata Atlântica, restam apenas relíquias de alguns morros.
            As espécies encontradas são: a jameleira (Ficus noronhae), o mulungu (Erytri velutina var, arantica), a burra-leiteira (Sapium aceleratum), a peroba (Tabebuia rósea-alba) e a castanhola (Sterculia foetida). São frequentemente encontradas espécies daninhas como a urtiga, a avelós e a jitirana, espécie de trepadeira introduzida pelo homem, que envolve e sufoca arvores e arbustos, recobrindo falésias.
            É em Fernando de Noronha que se encontra o único mangue em ilha oceânica do Atlântico Sul e está situado na baía de Sueste. Por sua beleza e singularidade, tornou-se uma das aeras de preservação ecológica da ilha.
            Quanto a fauna, é formada basicamente de belíssimos pássaros onde se destacam a viuvinha (Lichenops pespicillata), o mumbebo branco-grande (Sula dactylatra), o mumbebo marrom (Sula leucogaste), o rabo-de-junco de bico amarelo (Plaeton lepturus), o rabo-de-junco de bico vermelho (Plaeton aethreus) e a catraia (Fragata magnificens).
            Registra-se, na ilha, a presença de duas espécies endêmicas como a lagartixa mabuya (Mabuya maculata), introduzida pelo homem e o pássaro sebito (Vireo gracilirostris).
            Porém, é na fauna marinha que Fernando de Noronha se destaca. São inúmeras espécies de peixes, moluscos, algas e corais. Destacam-se em pequenas profundidades, as moréias, arraias, e os cações lombaris (pacíficos e de pequeno porte). Nas áreas mais profundas encontra-se os frades, a piraúna, a mariquita e o tubarão.
            Porém, dos animais que vivem no Parque Marinho, destacam-se as tartarugas e os golfinhos. As tartarugas são observadas e protegidas através do Projeto Tartaruga Marinha (TAMAR). As espécies mais comuns são a tartaruga verde ou aruanã e a tartaruga-de-pente que vem a ilha para a desova.
            Quanto aos golfinhos, existem duas espécies que são objetos de estudos, os pintados e os rotadores (Projeto Golfinho Rotador).

7 – Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PARNAMAR-FN).
           
O Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PARNAMAR-FN) foi criado por decreto Lei Federal (nº 96.693 de 14/09/1988), com uma área total de 112,7 km2. Engloba todo o arquipélago, excetuando as aeras da Vila dos Remédios, morros do meio e do Pico, aeroporto, residência da Aeronáutica, açude do Xexéu, vila Militar e a faixa de praia que vai da Quixaba até a praia de Santo Antônio. Tem como objetivo “proteger as amostras representativas dos ecossistemas terrestres e marinho; preservar fauna, flora e demais recursos naturais; proporcionar oportunidades controladas para visitação, lazer, educação ambiental e pesquisa científica, além de contribuir para a preservação dos sítios históricos”.
            Cabe ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais renováveis – IBAMA – manter o parque.
           
7.1 – Problemas ecológicos

Embora esta área esteja protegida pela designação de parque nacional, muito do seu ecossistema terrestre está destruído. A maior parte de vegetação original foi cortada na época em que a ilha funcionava como presídio, para tornar mais difícil que prisioneiros fugissem e se escondessem.
Existe também o problema das espécies invasivas, especialmente a linhaça, originalmente introduzida com a intenção de alimentar gado, sendo que, atualmente, a sua disseminação pelo território está fora de controle, ameaçando o que resta da vegetação original. Sem a cobertura das plantas, a ilha não retém água suficiente durante a estação seca, e a vegetação adquire um tom marrom, secando como consequência.
Observa-se também a incoerência da permissão de criação de ovelhas na ilha, ao mesmo tempo em que se pede aos visitantes que preservem a Mata Atlântica insular, em recuperação.
Outra espécie invasiva é o lagarto localmente conhecido como teju, originalmente introduzido para tentar controlar uma infestação de ratos. A ideia não funcionou, uma vez que os ratos são noturnos e o teju diurno. Atualmente o lagarto passou a ser considerado praga em vez dos ratos.

8 – Projeto TAMAR


O Projeto TAMAR é um projeto conservacionista brasileiro, dedicado à preservação de espécies de tartarugas-marinhas ameaçadas de extinção. O nome TAMAR é uma contração das palavras tartaruga e marinha, necessária, no início da década de 1980, para a confecção das pequenas placas de metal utilizadas para a identificação dos espécimes pelo Projeto, para estudos de biometria, monitoramento das rotas migratórias e outros. Desde então, o nome passou a designar o Programa Brasileiro de Conservação das Tartarugas Marinhas, executado pelo ICMBio, através do Centro Nacional de Conservação e Manejo de Tartarugas Marinhas, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão governamental, e pela Fundação Centro Brasileiro de Proteção e Pesquisas das Tartarugas Marinhas (Fundação Pró-TAMAR), instituição não governamental, de utilidade pública federal. Essa união demonstra a natureza institucional híbrida do projeto, que conta, adicionalmente, com a participação de empresas e instituições nacionais e internacionais, além de outras organizações não governamentais.


8.1 – História


A ideia do projeto TAMAR surgiu nos anos 70 através de um grupo de estudantes de oceanografia que viajavam para praias desertas para realizar pesquisas. Naquela época, no Atol das Rocas, os pesquisadores documentaram pescadores matando tartarugas-marinhas. Fotos e alguns relatórios foram enviados às autoridades, que estavam querendo iniciar um programa de conservação marinha dando início ao programa se desdobrou no Projeto Tamar, fundado em 1980. Segundo levantamentos realizados foram fundamentais as participações do Almirante Ibsen de Gusmão Câmara, fundador da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN) como irradiador do projeto, Maria Thereza Jorge Pádua, fundadora da Fundação Pró-Natureza (Funatura), Renato Petry Leal, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, José Catuetê Albuquerque, fundador do Projeto TAMAR e Guy Marcovaldi, fundador dos projetos TAMAR e Pró-TAMAR. Guy Marcovaldi, um dos fundadores do projeto, é o atual coordenador nacional do Tamar, que conta com recursos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM-Bio), ligado ao governo federal, Petrobras e dos turistas que visitam suas instalações pagando bilheteria e comprando camisetas do projeto.


8.2 – O que o Tamar faz


8.2.1 – Missão do Projeto Tamar


O TAMAR surgiu com o objetivo de proteger espécies de tartarugas-marinhas ameaçadas de extinção no litoral brasileiro. Com o tempo, porém, percebeu-se que os trabalhos não poderiam ficar restritos às tartarugas, pois uma das chaves para o sucesso desta missão seria o apoio ao desenvolvimento das comunidades costeiras, de forma a oferecer alternativas econômicas que amenizassem a questão social, diminuindo assim a caça das tartarugas-marinhas para a sua sobrevivência. O tamar também protege tubarões e outras espécies de vida marinha.
As atividades são organizadas a partir de três linhas de ação:Conservação e pesquisa aplicadas; Educação Ambiental e o Desenvolvimento local sustentável, onde a principal ferramenta é a criatividade. Desde o início, tem sido necessário desenvolver técnicas pioneiras de conservação e desenvolvimento comunitário, adequadas às realidades de cada uma das regiões trabalhadas. As atividades estão atualmente concentradas em vinte e uma bases, distribuídas em mais de mil e cem km de costa. Assim, para garantia de efetiva proteção das tartarugas, promove-se também a conservação dos ecossistemas marinho e costeiro e o desenvolvimento sustentável das comunidades próximas às bases - estratégia de conservação conhecida como espécie-bandeira ou espécie-guarda-chuva.
Essas atividades envolvem atualmente cerca de mil e duzentas pessoas, a maioria moradores das comunidades, essenciais para a proteção das tartarugas marinhas, pois melhoram as condições do seu habitat e diminue a pressão humana sobre os ecossistemas e as espécies.


8.3 – Bases do projeto


Atualmente, há 22 bases do projeto pelo litoral do nordeste, sudeste e sul, sendo que 18 funcionam o ano inteiro, e 4 funcionam apenas no período de desova das tartarugas. São cidades que sediam as bases:

 



Em algum momento da criação do mundo, as tartarugas marinhas receberam a seguinte missão: "Espalhem-se pelos oceanos, não escondam as suas belezas; alimentem a quem for necessário; mas não deixem de existir". Assim foi feito - e o homem não tem o direito de contrariar essa lei cósmica.Depois de mais de 100 milhões de anos de sobrevivência e evolução, as tartarugas marinhas continuam desempenhando importante papel ecológico nos ambientes onde ocorrem - das áreas costeiras a grandes profundidades oceânicas (as chamadas regiões abissais). São fonte de alimento para predadores marinhos e terrestres, inclusive o homem, e importantes consumidores de organismos marinhos, servindo como substrato para outras espécies. Como animais migratórios, as tartarugas se deslocam desde os trópicos até as regiões subpolares, transferindo energia entre ambientes marinhos e terrestres. São consideradas verdadeiros engenheiros do ecossistema, devido a sua influência e ação sobre os recifes de coral, bancos de grama marinha e substratos arenosos do fundo oceânico.

9.1 – Importância das tartarugas marinhas

Presa e predador

Como presas, as tartarugas marinhas fazem parte da dieta de vários animais (raposas, formigas, lagartos, falcões, abutres, gaivotas, fragatas, polvos, peixes, orcas, focas, crocodilos, onças entre outros) e os seus ovos também podem ser consumidos por raízes de plantas nas praias de desova.
Como consumidores, atingem diversos níveis na cadeia alimentar. Exercem controle das populações de esponjas, medusas, algas e grama marinha, entre outras. Durante os seus diferentes estágios de vida, alimentam-se de mais de 200 táxons de vertebrados e invertebrados.

Substrato de plantas e animais

Já foram observadas mais de 100 diferentes espécies de plantas e animais vivendo no casco e órgãos internos de tartarugas marinhas, que assim atuam como substrato para epibiontes e parasitos. Também funcionam como dispersores de vários organismos como cracas, tunicados e moluscos.

Transferindo energia

A energia e os nutrientes armazenados nas áreas de alimentação (ambiente marinho) são transferidos para as praias de desova (ambiente terrestre), em forma de ovos. Apenas um terço desta energia e nutrientes retorna para os mares com os filhotes. O restante permanece nos ecossistemas terrestres, transferidos para o solo, vegetação e fauna locais.   

Reciclagem de nutrientes

As tartarugas marinhas são bioturbadores, afetando a estrutura e o funcionamento dos habitats de forrageamento, como, por exemplo, recifes de coral, bancos de algas e grama marinha, e fundos de substrato arenoso. Assim, contribuem para a reciclagem de nutrientes, considerando a grande quantidade de resíduos/detritos excretados por milhões delas no mundo inteiro.
A tartaruga de pente, por exemplo, ajuda a manter a biodiversidade nos recifes de corais, pois pode se alimentar seletivamente de alguns grupos de esponjas, permitindo que espécies raras se estabeleçam competindo por espaço e nutrientes com sucesso.
Outro exemplo é o da tartaruga verde (Chelonia mydas), que é o mega-herbívoro marinho mais abundante, consumindo toneladas de algas e grama marinha. Através de sua alimentação seletiva sobre a grama marinha, estimula o crescimento de grama jovem, mais nutritiva. Ao longo do tempo, as áreas de pastagem contribuem significativamente na estabilização de sedimentos e reciclagem de nutrientes, o que beneficia tanto as tartarugas quanto a uma grande variedade de macro e micro-herbívoros.
O caso das tartarugas de couro (Dermochelys coriacea) é interessante. Durante anos, os pescadores têm observado um aumento considerável nas populações de águas-vivas no oceano Atlântico. Frequentemente, estas águas-vivas se concentram em regiões específicas em mar aberto, onde se alimentam de alevinos de espécies de peixe comercialmente importantes. A preocupação é que o crescimento exagerado das populações de águas-vivas provoque a redução nos estoques de peixes.
Um dos principais predadores de águas-vivas é justamente a tartaruga de couro, ironicamente uma das mais ameaçadas de extinção, por causa do alto índice de captura incidental pela pesca. Como a tartaruga de couro desempenha papel fundamental no controle das grandes populações de águas vivas do Atlântico, se o índice de mortalidade dessa espécie pela pesca continuar crescendo, esse desequilíbrio pode condenar tanto as tartarugas como a atividade pesqueira, já que os estoques serão reduzidos drásticamente e o peixe pode até acabar.

Todas as formas de vida

Por tudo isso, é preciso proteger as tartarugas marinhas. Como poucos animais, elas representam a perpetuação da vida ao longo de mais de 100 milhões de anos. Sobreviventes, resistem e continuam, apesar de tantas agressões e ameaças, a cumprir sua missão de contribuir para a vida de outras espécies – e, por consequência, do homem.
Durante sua longa existência, cada tartaruga marinha leva e traz toneladas de nutrientes e energia vital à sobrevivência de tantas outras formas de vida. Das tartarugas marinhas depende a existência de uma infinidade de peixes, crustáceos,  moluscos, esponjas, medusas. Dependem também formações de mangues, bancos de areia, de gramas marinhas e de algas, de corais e recifes, de ilhotas e formações geológicas.
Proteger as tartarugas marinhas é, portanto, preservar a vida marinha, garantir a sobrevivência do planeta e da humanidade.

10 – Projeto Golfinho Rotador

 
O Projeto Golfinho Rotador (desenvolvido pelo Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha e pelo Instituto Pró -Noronha) atua, desde 1990, no monitoramento científico e contínuo do Stenella longirostris.
O comportamento natural dos golfinhos oceânicos é pouco conhecido pelo homem, devido às dificuldades de permanência em alto mar. O arquipélago, um dos mais importantes sítios reprodutivos oceânicos do Atlântico, oferece a rara oportunidade de um ambiente frequentado por uma população de centenas de golfinhos.
O IBAMA licenciou-se, via Pró-Noronha, este projeto é para que os pesquisadores analisem os hábitos dos golfinhos rotatores. Horários de entrada e saída da baía, agrupamentos e rotinas são acompanhados e registrados para que futuramente possamos conhecer mais sobre esta espécie. Habitualmente, com o nascer do sol grupos chegam na Baía dos Golfinhos, onde passam boa parte do dia. No meio da tarde, retornam ao alto-mar em busca de alimentos.
O golfinho rotador (Stenella longirostris) - é uma espécie encontrada apenas em alto-mar. Podem atingir até dois metros de comprimento e noventa quilos de peso. Em ambiente natural, vivem cerca de 30 anos. Seu maior predador é o tubarão.
A Baía dos Golfinhos está fechada a qualquer tipo de interferência humana. Os motores das embarcações costumam atrair os golfinhos. Alguns deixam a baía e passam a nadar próximo ao barco. Seus saltos superam dois metros acima da superfície. Em cada salto, giram em torno do próprio corpo, ato de onde deriva o nome "rotador". Após acompanharem o barco por algum tempo, os animais retornam ao seu reduto. Segundo informaram os nativos, esta rotina ou ritual seria parte de um mecanismo de defesa de todo o grupo. Os golfinhos que fazem o contato estão, ao mesmo tempo, saudando, checando e distraindo os visitantes, de modo que estes não invadam a baía.

Conclusão

Conclui-se que fundamental é se conhecer um pouco mais sobre Fernando de Noronha, arquipélago este que é um grande privilégio para o Brasil e principalmente para Pernambuco. Por que ele é um privilégio? Primeiramente por suas belezas naturais, isto é, fauna e flora, formações geológicas, praias, entre outros; também pela questão do turismo, representando mais emprego e renda para a população; e por último, a posição geográfica excelente, servindo de conexão marinha entre a America do Sul, África e Europa, além de base militar, Como foi no caso da segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).
Termina-se aqui com uma observação interessante: de acordo com as pesquisas, o arquipélago possui uma ampla infra-estrutura, isto é, de tudo tem por lá (exceto Prefeitura, já que é um Distrito Estadual), desde padarias, supermercados, escola e hospital até estrada pavimentada no Asfalto, aeroporto, e uma pequena indústria. A crítica que se levantará é esta: na porção continental (Brasil) há muitos lugares que não dispõe de uma rede de infra-estrutura como esta. E num pequeno arquipélago com 26 km2 esta rede é completa. É bom lembrar também da questão ambiental, onde lá sim, a lei ambiental vigora, é há uma grande preservação da flora e fauna, principalmente a fauna marinha. No continente a coisa é bem diferente, basta se olhar para a Amazônia e para a Caatinga.

Bibliografia

ANDRADE, Manuel Correia de Oliveira. Atlas Geográfico de Pernambuco: Espaço Geo-Histórico e Cultural. 2ª Ed. João Pessoa: Grafset, 2003.


Nenhum comentário:

Postar um comentário