O Tribunal de Contas da União (TCU) vai investigar o contrato de R$ 6,2 milhões que a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) fechou com a Tecnet Comércio e Serviços Ltda., que emprega Cláudio Martins, filho do ministro da Comunicação Social e presidente do Conselho de Administração da estatal, Franklin Martins.
A empresa foi contratada para cuidar do sistema de arquivos digitais da EBC, um dos grandes projetos do governo. Ontem, o procurador Marinus Marsico, que representa o Ministério Público no TCU, anunciou que pretende pedir os documentos sobre a concorrência e investigar mais uma suspeita de tráfico de influência em meio ao escândalo que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil. 'Estou estarrecido com tantos parentes ligados aos órgãos públicos', afirmou Marinus, que já apura os episódios envolvendo Erenice. 'No caso da EBC, há conflito de interesse.'
O Estado revelou ontem que o filho de Franklin trabalha na Tecnet há pelo menos dois anos como representante comercial. De acordo com o comando da Tecnet, ele é o responsável pelos negócios de software e tecnologia da empresa no exterior e com as afiliadas do grupo. 'Cuida prioritariamente do início da expansão internacional da empresa', disse a empresa, em nota.
A EBC é a única emissora de TV brasileira cliente da Tecnet na área digital. A empresa é o braço operacional do grupo que dirige a RedeTV!. O procurador pretende investigar os motivos que levaram a EBC a acelerar a licitação e os indícios de irregularidades na concorrência. O empresário Fábio Tsuzuki admitiu ao Estado que ajudou a EBC a elaborar o edital da licitação.
Tsuzuki é dono da Media Portal, única adversária da Tecnet na concorrência. 'Isso mostra uma relação promíscua no órgão público e é absolutamente irregular', disse Marsico. 'Só preciso decidir qual o melhor caminho: solicitar os documentos ou já entrar com uma representação pedindo abertura de processo.'
O Estado teve acesso a e-mails da ECB mencionando que Franklin deu 'prioridade zero' ao contrato e a outro da área. Em outras mensagens, os funcionários lembram que é preciso dar 'celeridade' a essas licitações, apesar de pareceres que mostravam a falta de recursos orçamentários para o projeto.
Num e-mail a cinco funcionários em novembro, o gerente da comissão de licitação, Francisco Lima Filho, pede agilidade. 'Tendo em vista o compromisso firmado entre Collar e o ministro Franklin Martins sobre o assunto, Wellington conduz as pesquisas e Cristina toca os editais' disse. Collar é Ricardo Almeida Collar, ordenador de despesas da EBC.
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