sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ibope: eleitor de Dilma mira consumo e o de Serra, saúde

Por AE, estadao.com.br, Atualizado: 22/10/2010 11:03
 
A maioria do eleitorado acredita que Dilma Rousseff (PT) é a candidata à Presidência com mais atributos para beneficiar a população pobre e manter o crescimento do poder de compra dos brasileiros. José Serra (PSDB), por sua vez, tem a imagem mais relacionada à área da saúde pública. As informações constam da última pesquisa Ibope/Estado/TV Globo. O instituto perguntou a 3.010 eleitores qual dos dois presidenciáveis teria a melhor atuação em relação a oito tópicos, como segurança, educação e meio ambiente.
Dilma, que na mesma pesquisa lidera nas intenções de voto por 51% a 40%, também está na frente em todos os tópicos avaliados, com exceção da saúde, item no qual há um empate com o tucano. Para 55% dos eleitores, a candidata do PT é a que mais dará atenção à população pobre caso conquiste a Presidência. Outros 32% dizem o mesmo em relação a Serra.
A vantagem de Dilma nesse quesito diminui conforme aumenta a renda dos entrevistados - ou seja, os mais pobres são os que têm maiores expectativas de que a candidata os beneficie. Entre os que têm renda familiar de até um salário mínimo, 61% afirmam que a petista dará mais atenção aos pobres. Já entre os que ganham mais de cinco mínimos, esse índice é de apenas 47%.
A candidata do PT também é apontada pela maioria dos entrevistados (51%) como a mais preparada para 'manter a economia forte e o crescimento do poder de compra da população'. Nesse caso, novamente a vantagem de Dilma é maior entre os mais pobres, com renda de até um salário mínimo (59% a 29%). Na faixa de renda acima de cinco mínimos, porém, é Serra o visto como mais preparado para gerir a economia (48% a 40%).
Corrupção
Dilma - cuja sucessora na Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva, Erenice Guerra, está sob investigação por suposto envolvimento em esquema de tráfico de influência - também é vista como mais preparada para combater a corrupção no País (46% a 36%). Serra só lidera nesse quesito entre os mais escolarizados (45% a 38%) e os que têm renda acima de cinco salários mínimos (50% a 33%). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Religiosos atacam Serra e Igreja em ato pró-Dilma

Pd. Júlio Lancelotti e Frei Beto participaram de encontro em SP para apoiar candidata do PT

20 de outubro de 2010 | 8h 42
 
Malu Delgado, de O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - A crítica ao uso do discurso religioso na disputa presidencial marcou o ato de apoio de juristas e intelectuais à presidenciável Dilma Rousseff (PT) na terça-feira, 19,  em São Paulo, no teatro da Pontifícia Universidade Católica (Tuca). Os líderes religiosos padre Júlio Lancelotti e Frei Beto - ex-assessor especial da Presidência da República - empolgaram a plateia, composta basicamente por estudantes e políticos, ao repreender segmentos da Igreja Católica e o adversário da petista, José Serra (PSDB), por estimularem debate sobre o aborto e união civil homossexual na campanha.
A senadora eleita Marta Suplicy (PT), sexóloga, afirmou que a campanha transformou o Brasil num "País de aiatolás". Já o candidato petista derrotado ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante acusou Serra de estar em torno "de resquícios da monarquia, do integralismo, e da juventude nazista".
"A igreja não tem tutela da consciência do povo. O povo deve ter liberdade de consciência. A igreja deve estar onde o povo está e a missão da igreja é lavar os pés dos pobres e não dominar a consciência política deles", afirmou, aplaudido de pé, padre Júlio, que desenvolve um trabalho social com moradores de rua. Ele disse ainda que José Serra "é o pai do higienismo em São Paulo, uma pessoa que não tem visão de que quem está rua também é cidadão".
Ex-assessor do presidente Lula, Frei Beto lamentou o fato de "aborto e religião" terem sido temas de destaque na campanha presidencial. "Lei de aborto não impede o aborto. O que impede aborto é política social, é salário, é o Bolsa Família, é distribuição de renda. Temos que deixar claro isso nos poucos dias que faltam. As mulheres as vezes rejeitam os filhos porque não tem condições de assumi-los." Afirmou, ainda, que "bispos panfletários não falam nem em nome da igreja nem em nome da CNBB". "É opinião pessoal, só que é injuriosa, mentirosa e difamatória", criticou.
Mercadante, que está à frente da campanha de Dilma em São Paulo no segundo turno, disse que "igreja alguma pode tutelar a democracia e a consciência do povo, muito menos setores pouco representativos".
Dilma Rousseff gravou uma mensagem por vídeo que foi exibida ao final do evento. A petista foi representada pelo candidato a vice na coligação, Michel Temer (PMDB). O peemedebista fez elogios a Lula para defender a eleição de Dilma. "O governo Lula fez a justiça social. Juntamos democracia política com justiça social, Dilma é a fusão dessas concepções e dessas ideias."
Dilma lembrou que o teatro da PUC foi palco da resistência na ditadura. A candidata fez um compromisso com o aprimoramento e aprofundamento das políticas sociais do governo Lula. Nosso governo continuará sendo conduzido de forma republicana. "Não só pelo respeito e a ordem, mas pela consolidação de direitos e liberdades de todos os brasileiros."
Juristas leram o manifesto de apoio à candidata. Também foi exibido um vídeo de Celso Antonio Bandeira de Mello, que assina o manifesto. No texto, acadêmicos e professores de Direito elogiam o atual governo e enfatizam que o "governo preservou as instituições democráticas" "e não tentou alterar casuisticamente a constituição para buscar um novo mandato". O ex-ministro Marcio Thomaz Bastos também estava presente e discursou em defesa da eleição de Dilma.

Quem é Paulo Preto


Levada à campanha por Dilma Rousseff, a história do ex-diretor da Dersa causa constrangimento no tucanato e gera versões desencontradas de Serra. Por Cynara Menezes. Foto: Rodrigo Capote/Folhapress
Na noite do domingo 10, ao fim do primeiro bloco do debate da TV Bandeirantes, o mais acalorado da campanha presidencial até agora, cobrada pelo adversário tucano José Serra sobre as denúncias contra a ex-ministra Erenice Guerra, a petista Dilma Rousseff revidou: “Fico indignada com a questão da Erenice. Agora, acho que você também deveria responder sobre Paulo Vieira de Souza, seu assessor, que fugiu com 4 milhões de reais de sua campanha”. Serra nada disse – ou “tergiversou”, como acusou a adversária durante todo o encontro televisivo –, e o País inteiro ficou à espera de uma resposta: quem é Paulo Vieira de Souza?
Numa eleição em que o jornalismo dito investigativo só atuou contra a candidata do governo, Dilma Rousseff serviu como “pauteira” para a imprensa. O pauteiro é quem indica quais reportagens devem ser feitas – e, se não fosse por causa de Dilma, Vieira de Souza nunca chegaria ao noticiário. Nos dias seguintes ao debate, finalmente jornais e tevês se preocuparam em escarafunchar, mesmo sem o ímpeto habitual quando se trata de denúncias a atingir a candidatura governista, um escândalo que envolvia o tucanato. A acusação contra Vieira de Souza, vulgo “Paulo Preto” ou “Negão”, apareceu pela primeira vez em agosto, na revista IstoÉ.
No texto, que obviamente teve pouquíssima repercussão na época, o engenheiro Paulo Preto era apontado como arrecadador do PSDB e acusado pelos próprios tucanos de sumir com dinheiro da campanha. “Como se trata de dinheiro sem origem declarada, o partido não tem sequer como mover um processo judicial”, dizia a reportagem, segundo a qual o engenheiro possuía relações estreitas com as empreiteiras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, OAS, Mendes Júnior, Carioca e Engevix.
Após a citação feita por Dilma, os jornalistas cuidaram de cercar Serra para tentar extrair a resposta que ele não deu no debate. De saída, o candidato disse não conhecê-lo. “Eu não sei quem é o Paulo Preto. Nunca ouvi falar. Ele foi um factoide criado para que vocês fiquem perguntando”, declarou, na segunda-feira 11.
No dia seguinte, ameaças veladas feitas pelo ex-arrecadador em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo foram capazes de refrescar a memória de Serra. “Não somos amigos, mas ele me conhece muito bem. Até por uma questão de satisfação ao País, ele tem de responder. Não tem atitude minha que não tenha sido informada a ele”, disse Paulo Preto. “Não se larga um líder ferido na estrada em troca de nada. Não cometam esse erro.”
A partir da insinuação de que o já apelidado “homem-bomba do tucanato” possui fartos segredos a revelar, Serra não só se lembrou do desconhecido como o defendeu e o elogiou. “A acusação contra ele é injusta. Não houve desvio de dinheiro de campanha por parte de ninguém, nem do Paulo Souza”, afirmou o tucano, fazendo questão de dizer que o apelido “Preto” é preconceituoso. “Ele é considerado uma pessoa muito competente e ganhou até o prêmio de Engenheiro do Ano (em 2009). Nunca recebi nenhuma acusação a respeito dele durante sua atuação no governo.”
O último cargo público do engenheiro em governos do PSDB foi como diretor de engenharia da empresa Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), cargo do qual foi demitido em abril, poucos dias após Serra se lançar à Presidência. Mas sua folha de serviços prestados ao PSDB é extensa. Há 11 anos ocupava cargos de confiança em governos tucanos e era diretor da Dersa desde 2005, primeiro nas Relações Institucionais e depois na engenharia, nomeado por Serra. Trabalhou no Palácio do Planalto durante os quatro anos do segundo governo Fernando Henrique Cardoso como assessor especial da Presidência, no programa Brasil Empreendedor Rural. Em São Paulo, foi responsável pela medição de obras e pagamentos a empreiteiras contratadas para construir o trecho sul do Rodoanel, que custou 5 bilhões de reais, a expansão da avenida Jacu-Pêssego e a reforma na Marginal do Tietê, estimada em 1,5 bilhão.
Quem levou Vieira de Souza para o Planalto foi Aloysio Nunes Ferreira, recém-eleito senador pelo PSDB, de quem Paulo Preto se diz amigo há mais de 20 anos. Ferreira dispensa apresentações. Em 3 de outubro foi o candidato ao Senado mais votado do Brasil, depois de ter sido chefe da Casa Civil no governo paulista.
De acordo com a IstoÉ, familiares de Vieira de Souza chegaram a emprestar 300 mil reais para Ferreira, quantia -assumidamente utilizada pelo novo senador para quitar o pagamento do apartamento onde vive, em Higienópolis. O engenheiro mantém, aliás, um padrão de vida elevado, muito acima de quem passou boa parte da carreira em cargos públicos. É dono de um apartamento na Vila Nova Conceição em um edifício duplex com dez vagas na garagem, sauna privê e habitado por banqueiros e socialites. Pela média de preços da região, um apartamento no prédio não custa menos de 9 milhões de reais.
Vieira de Souza foi demitido da Dersa oito dias após aparecer ao lado de tucanos graduados na festa de inauguração do Rodoanel e atribuiu sua saída a diferenças de estilo com o novo governador, Alberto Gold-man, que assumiu na qualidade de vice.
Goldman parecia, de fato, incomodado com a desenvoltura, para dizer o mínimo, de Paulo Preto no governo, e deixou esse descontentamento claro em um e-mail enviado a Serra, em novembro do ano passado, no qual acusava o então diretor da Dersa de ser “vaidoso” e “arrogante”, como revelou a Folha de S.Paulo. “Parece que ninguém consegue controlá-lo. Julga-se o Super-Homem”, escreveu o atual governador na mensagem ao antecessor, também encaminhada ao secretário estadual de Transportes, Mauro Arce. Mas Paulo Preto só deixou o governo quando Serra saiu.
Dois meses após sua exoneração, em junho, Vieira de Souza seria preso em São Paulo, acusado de receptação de joia roubada. O ex-diretor da Dersa alega ter comprado de um desconhecido um bracelete de brilhantes da marca Gucci por 18 mil reais. Ao levar a joia a uma loja do Shopping Iguatemi para avaliar se era verdadeira, foi preso em flagrante, após ser constatado pelo gerente que o objeto havia sido furtado ali mesmo no mês anterior. Solto no dia seguinte, passou a responder à acusação em liberdade. Hoje, ele atribui o imbróglio a “uma armação”.
Seu nome aparece ainda na investigação feita pela Polícia Federal que resultou na Operação Castelo de Areia. Na ação, -executivos da construtora Camargo Corrêa são acusados de comandar um esquema de propinas em obras públicas. A empresa nega. No relatório da PF há várias referências ao trecho sul do Rodoanel, responsabilidade de Paulo Preto, que teria recebido quatro pagamentos mensais de 416 mil reais da empreiteira. Vieira de Souza também nega. “A mim nunca ninguém entregou absolutamente nada. O lote da Camargo Corrêa na obra era de 700 milhões de reais e a obra foi entregue no prazo, só com 6,52% de acréscimo. É o menor aditivo que já houve em obra pública no Brasil.”
À revista Época, que publicou uma pequena reportagem sobre o caso em maio, Ferreira reconheceu a amizade antiga com Paulo Preto, mas negou ter recebido doações ilegais da construtora. Afirmou ainda que o Rodoanel foi aprovado pelos órgãos fiscalizadores. “O Rodoanel teve apenas um aditivo de 5% de seu valor total, um recorde para os padrões do Brasil”, disse o senador eleito. Atualmente, a operação Castelo de Areia encontra-se paralisada em virtude de uma liminar deferida pelo ministro Cesar Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), até que seja julgado o pedido da defesa da Camargo Corrêa, que reclama de irregularidades na investigação.
O vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, que teria servido de fonte para a reportagem da IstoÉ, deu entrevista nos últimos dias na qual nega ter afirmado que Paulo Preto arrecadara, por conta própria, “no mínimo” 4 milhões de reais – o próprio engenheiro diz que esse número foi subestimado. Segundo Eduardo Jorge, não existe nenhum esquema de “arrecadação paralela”, o famoso caixa 2, entre os tucanos. Paulo Preto processa EJ, o tesoureiro-adjunto Evandro Losacco e o deputado federal reeleito José Aníbal, chamados por ele de “aloprados” por tê-lo denunciado à revista. Curiosamente, na entrevista à imprensa, Eduardo Jorge faz mistério sobre os nomes dos reais arrecadadores da campanha tucana, a quem chama de “fulano” e “sicrano”.
Na quinta-feira 14, a bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo entrou com uma representação no Ministério Público Estadual. Solicita uma investigação contra o ex-diretor da Dersa por improbidade administrativa. Além da acusação sobre os 4 milhões de reais arrecadados irregularmente para a campanha tucana, os parlamentares petistas acusam a filha de Paulo Preto, a advogada Priscila Arana de Souza, de tráfico de influência, por representar as empreiteiras que tinham negócios com a empresa pública desde 2006, quando o pai era responsável pelo acompanhamento e fiscalização das principais obras viárias do governo paulista, como o Rodoanel e a Nova Marginal, vitrines da campanha tucana na corrida presidencial.
Documentos do Tribunal de Contas da União revelam que Priscila Souza era uma das advogadas das empreiteiras no processo que analisou as contas da construção do trecho sul do Rodoanel. Ao contrário do que disse o ex-chefe da Casa Civil de Serra, uma auditoria da empresa Fiscobras apontou diversas irregularidades na obra, entre elas um superfaturamento de 32 milhões de reais em relação ao contrato inicial, despesa que teria sido repassada ao Ministério dos Transportes, parceiro no projeto. A filha do engenheiro aparece ainda em uma procuração, datada de maio de 2009, na qual os responsáveis da construtora Andrade Gutierrez autorizam os advogados do escritório Edgard Leite Advogados Associados a representarem a empresa em demandas judiciais.
“Já havíamos encaminhado ao MP uma representação, em maio, pedindo investigação sobre a suposta arrecadação ilegal de dinheiro para a campanha tucana, com base nas denúncias da IstoÉ. Conversei com o procurador-geral, Fernando Grella, e ele me garantiu que a investigação foi aberta, mas corre em sigilo de Justiça, por ter sido anexada aos autos da Operação Castelo de Areia, que está suspensa”, disse o deputado estadual do PT Antonio Mentor.
Para o presidente estadual do PT, Edinho Silva, há indícios suficientes de uma relação “pouco lícita” entre o ex-diretor da Dersa e as construtoras. “Como pode a filha representar as mesmas empresas que são fiscalizadas pelo pai? O poder público não pode se relacionar dessa forma com a iniciativa privada”, afirmou Silva, recém-eleito deputado estadual. “Além disso, é preciso apurar essa história do dinheiro arrecadado ilegalmente pelo engenheiro. Quem denunciou isso não foi a gente, foi o PSDB, que não viu a cor do dinheiro e reclamou à imprensa.”
Por meio de nota, o escritório de -advocacia classificou de “inconsistentes e maldosas” as acusações do PT. “A advogada Priscila Arana de Souza ingressou no escritório em 1º de junho de 2006. O escritório presta, há mais de dez anos, serviços jurídicos a praticamente todas as empresas privadas que compõem os consórcios contratados para a execução do trecho sul do Rodoanel de São Paulo”, registra o texto.
Procurado por CartaCapital, Paulo Preto não foi encontrado. Seus assessores informaram, na quinta-feira 14, que o engenheiro estava viajando. Na entrevista que deu à Folha, o engenheiro insinuou que sua função era a de facilitar as doações de empresas privadas com contratos com o governo de São Paulo ao PSDB. “Ninguém nesse governo deu condições de as empresas apoiarem (sic) mais recursos politicamente do que eu”, disse. Isso porque, sustentou, cumpriu todos os prazos e pagamentos acertados com as empreiteiras nas obras sob seu comando.
Nos últimos dias, Serra tem se mostrado irritado com as perguntas de jornalistas sobre o tucano honorário Paulo Preto. Em Porto Alegre, na quarta-feira 13, chegou a acusar o jornal Valor Econômico de atuar em favor da campanha de Dilma Rousseff. Perguntado por um repórter do diário, o presidenciável disse que o veículo, pertencente aos grupos Folha e Globo, “faz manchete para o PT colocar no horário eleitoral gratuito”, evidenciando como se incomoda de provar do próprio remédio. O destempero deu-se minutos depois de o candidato declarar seu apreço pela liberdade de imprensa. Além do mais, a reclamação é estranha: as manchetes de jornais e capas de revistas com críticas e denúncias contra Dilma Rousseff são matéria-prima do programa eleitoral do PSDB.
No domingo 17, Dilma e Serra voltam a se enfrentar no debate promovido pela Rede TV! Ninguém espera que se cumpra o vaticínio frustrado de “paz e amor” dado pelos jornais antes do primeiro confronto. A petista vai, ao que tudo indica, continuar a questionar Serra sobre as privatizações do governo Fernando Henrique e insistirá na comparação dos feitos do governo Lula com aqueles de seu antecessor. Segundo a pesquisa CNT-Sensus divulgada na quinta 14, os entrevistados consideraram Dilma Rousseff a vencedora do debate na Band.
Durante o debate, Serra nem sequer defendeu a própria mulher, Mônica, apontada por Dilma como uma das líderes de uma campanha difamatória de cunho religioso contra o PT, ao declarar a um evangélico no Rio de Janeiro que a candidata governista “gosta de matar criancinhas”. O fez depois, em seu programa eleitoral, ao tentar assumir o papel de vítima (segundo ele, a adversária tinha partido para a baixaria e atacado até a sua família).
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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Eleições - Dilma: "Brasil vai ampliar produção e acesso a bens culturais" | Portal de Noticias de São Sebastião, Ilhabela

Eleições - Dilma: "Brasil vai ampliar produção e acesso a bens culturais" Portal de Noticias de São Sebastião, Ilhabela

Depois da violência, assédio e esquecimento

'Não deixa cair no esquecimento, não, tá?', pede o administrador Rafael Cestari, tio do garoto morto há dez dias em uma sala de aula da Escola Adventista de Embu das Artes, na Grande São Paulo. Miguel Ricci dos Santos tinha 9 anos, cursava a 4.ª série e morreu após ser atingido por uma bala de revólver calibre 38. Segundo a polícia, a mochila do coleguinha suspeito de portar a arma foi lavada - o que aumenta a desconfiança.
O caso apareceu na primeira página de todos os jornais, os pais de Miguel foram a programas vespertinos de TV e receberam manifestações de solidariedade do público nas ruas. Roberta, a mãe do menino, conta que o advogado deles foi arrumado pela produção de um dos programas. 'Entendo que as pessoas queiram nos confortar, mas às vezes você precisa ficar na sua e vem gente na padaria te abraçar, chorar, dizer palavras bonitas', diz o pai de Miguel, o assistente administrativo Dennys Winston Ricci dos Santos, de 29 anos.
O assédio momentâneo não é garantia de 'não esquecimento' nem, como espera o tio do garoto, de que a justiça será feita.
A história recente tem mostrado que os holofotes logo se apagam, o que significa que, muito provavelmente, em breve Dennys Winston se verá livre das promessas de políticos graúdos, voluntários desconhecidos e oportunistas. 'Ih, conheço bem esse filme', diz a estudante Priscila Aprígio da Silva, que em 2007 ficou paraplégica depois de ser atingida por uma bala perdida num assalto a banco em Moema. A repercussão fez com que recebesse visita no Hospital Alvorada até do governador José Serra. Aparecia gente oferecendo emprego, docinho, carro. 'Aproveitei para pedir tudo o que queria. Fui até batizada pelo pessoal do São Paulo (Futebol Clube)', conta Priscila, que está grávida de nove meses.
Passados três anos, ela se diz esquecida. Conta que precisou procurar a produção de um programa de TV - o mesmo que arrumou o advogado para a mãe do menino Miguel - para que arranjassem um médico que fizesse seu parto. Eles arrumaram. E a médica também apareceu no programa.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Na estreia, Serra vai destacar ''valorização da vida'' e citar FHC


Por Ana Paula Scinocca e Julia Duailibi, estadao.com.br, Atualizado: 8/10/2010 2:22
Na estreia, Serra vai destacar ''valorização da vida'' e citar FHC
No momento em que a polêmica a respeito do aborto domina o debate eleitoral e desgasta a candidatura do PT, o programa de TV do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, vai destacar 'a valorização da vida' na estreia do horário eleitoral gratuito hoje. Também está prevista a exibição de uma imagem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - a aparição do tucano neste programa ainda dependia, na noite de ontem, da edição final da peça.
O programa de estreia, que foi gravado entre terça-feira e ontem, em São Paulo, não abordará a questão do aborto diretamente. Mencionará o tema apenas no contexto da importância de preservar a vida, numa referência indireta às supostas posições da candidata Dilma Rousseff em favor do assunto.
Numa tentativa de exibir força do candidato e de minimizar as acusações de que Serra estaria isolado politicamente, o programa também vai mostrar gravações com apoio de políticos aliados. Estava também prevista a aparição do senador eleito por Minas Gerais, o ex-governador Aécio Neves, que recebeu mais de 7,5 milhões de votos no Estado.
Na primeira etapa da campanha presidencial, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não apareceu nos programas de TV nem participou de atos da campanha de Serra.
A defesa de parte do seu legado foi feita pelo presidenciável tucano anteontem, no primeiro ato de campanha do segundo turno, em Brasília. Em evento para plateia tucana, Serra ficou à vontade para defender as privatizações conduzidas por Fernando Henrique.
O PT já deixou claro que vai utilizar o tema das privatizações para atacar a campanha tucana. Também vai aumentar a comparação entre os oito anos de gestão de Lula e o governo Fernando Henrique.
A avaliação do comando do PSDB é que, em razão disso, não se pode negligenciar a defesa da gestão do ex-presidente. Isso não significa que Fernando Henrique será o garoto-propaganda da campanha de Serra. Será mais um uso preventivo do que uma ferramenta de marketing propriamente dita.
O programa vai ainda adotar parte do receituário usado durante o horário eleitoral gratuito do primeiro turno. Haverá, mais uma vez, apresentação da biografia do candidato e a exibição de propostas-chave do tucano - Serra ainda não tornou público seu programa de governo e tem apostado na televisão como forma de divulgar suas propostas principais.
Novo cenário. Com clipe e cenário novo, o primeiro programa do presidenciável tucano no segundo turno também vai mostrar em pequena peça, com cerca de 15 segundos, a comparação da trajetória de José Serra com a de Dilma Rousseff.
O programa vai ainda explorar muitas imagens do candidato do PSDB falando diretamente com o telespectador.
Integrantes da equipe de marketing do partido afirmam que o programa está com um visual mais parecido com as peças exibidas nos últimos dias da campanha.
Na época, a equipe de comunicação apostou em filmes que vendiam a ideia de um Brasil grande, em peças otimistas quanto ao futuro do País.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Dilma Rousseff diz ter compromisso com crescimento sustentável

Candidata do PT promete modelo que faça o país crescer a taxas elevadas e gere empregos. Dilma também acha que Marina Silva tem afinidades com ela.

Dilma Rousseff se reuniu com deputados, senadores e governadores eleitos no primeiro turno.
Eles foram escalados para ajudar na campanha para presidente. Vão pedir votos para a candidata nos estados.
Foi um dia inteiro de reuniões, telefonemas. Os aliados avaliaram o resultado da votação de domingo.
Durante entrevista coletiva, Dilma explicou por que a disputa ficou para o segundo turno.
“Os votos não foram suficientes. Faltou 3% dos votos. Isso a gente tem que ter humildade para reconhecer. Segundo: a candidata Marina fez campanha qualificada e uma parte dos votos, ela capturou e tirou do meu adversário também”, avalia a candidata do PT à presidência Dilma Rousseff.
A candidata do PT disse que o segundo turno é sempre uma oportunidade de discussão sobre propostas para o país. Prometeu, se eleita, erradicar a miséria e estimular a economia respeitando o meio ambiente.
“Esse compromisso é com o modelo de desenvolvimento sustentável, mas também um modelo de desenvolvimento e capaz de fazer o Brasil crescer a taxas elevadas que gere emprego na proporção que a população necessite”, diz a candidata do PT à presidência Dilma Rousseff.
Dilma Rousseff disse que telefonou para Marina Silva, candidata do PV, para dar os parabéns pelo resultado das eleições. E que não pediu apoio, por enquanto: “Dou muito valor ao apoio da Marina. Isso não significa necessariamente que a Marina deva me apoiar. Eu respeito a Marina como militante política e acredito que temos mais proximidades do que diferenças”.
Dilma Rousseff resumiu como será a estratégia da campanha nas próximas quatro semanas: “Fazer um debate qualificado apresentando as propostas e desenvolvendo as propostas na área de saúde e em parceria com os governadores desenvolver uma política de segurança pública que possa devolver, tanto nas grandes cidades quanto nas comunidades, a paz”, disse a candidata do PT à presidência.

Após reunião com Lula, governadores dizem que vão às ruas por Dilma

Eduardo Campos (PSB-PE) afirmou que Marina tem mais afinidade com PT.
Deputado Ciro Gomes (PSB-CE) disse que se dedicará '100%' à campanha.


Nathalia Passarinho e Fábio Tito Do G1, em Brasília


Após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manhã desta terça (5) no Palácio da Alvorada, governadores e parlamentares eleitos da base aliada disseram nesta terça-feira (5) que vão às ruas fazer campanha para eleger a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. A petista disputará o segundo turno contra José Serra (PSDB).
Participaram da reunião com Lula, governadores de dez estados, além de parlamentares eleitos e ministros do governo, entre os quais o de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e de Planejamento, Paulo Bernardo.
Presidente Lula recebe no Palácio da Alvorada, em Brasília, governadores e parlamentares eleitos da base aliadaLula recebe governadores e parlamentares eleitos da base aliada (Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil)
 
A reunião teve por objetivo mobilizar a base aliada para eleger Dilma. Segundo Padilha, o presidente pediu que os governadores eleitos não “desmontassem as campanhas nos estados”. “É para manter a estrutura para fazer campanha em prol da nossa candidata”, afirmou.
Em nome dos 10 governadores presentes ao encontro com Lula, Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, disse que os candidatos eleitos que apoiam o governo vão se dedicar a atividades políticas nos estados para promover Dilma.
“Nós vamos participar das atividades, vamos colocar a campanha na rua, vamos andar, vamos colocar a nossa militância, nossos candidatos que ganharam, que perderam, para fazer atividade política, para levar o debate político, mostrar os dois projetos em discussão”, afirmou.
Campos disse que há amplo potencial de crescimento da petista nos estados. “A avaliação feita pelos governadores eleitos e senadores é de que nos estados tem um potencial de crescimento. Já tem pesquisas mostrando crescimento. Dilma vai ter mais votos nos estados.”
De acordo com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a campanha de Dilma estuda formas de aproximação com Marina Silva, que se candidatou à Presidência pelo PV e obteve quase 20% dos votos no primeiro turno.
“A coordenação de campanha está pensando estratégias de conversa com a Marina. Tenho certeza de que faremos um grande diálogo com os eleitores da Marina e dos demais candidatos”, disse. Ele não descartou que Lula possa entrar diretamente em contato com a senadora se achar conveniente.
Campos também comentou sobre a necessidade de conquistar os eleitores que votaram em Marina. Para o governador, ela tem mais afinidade com o PT do que com o PSDB.
“O Brasil demonstrou que quer uma mulher presidente. Cerca de 70% dos brasileiros já votaram nas mulheres, nesse campo de valores que representa Dilma e Marina. O eleitorado da Marina tem muito mais identidade com a nossa história”, afirmou. Campos afirmou que o governo vai procurar Marina e os eleitores dela para discutir propostas.
O governador fez uma "mea culpa" em nome da base aliada pelo fato de a candidata petista não ter obtido vitória no primeiro turno, possibilidade apontada por pesquisas de intenção de voto realizadas antes da eleição de domingo (3). No entanto, ele acusou a oposição de promover uma campanha “fascista” contra Dilma, o que também prejudicou, segundo ele, uma eventual eleição imediata da petista.
“Todas as vezes que a gente estuda e vai fazer uma prova a gente quer tirar dez. Quando a gente tira nove, a gente estuda para na próxima vez tirar dez. O que há de fundamental nisso é que eu acho que muitos eleitores começaram a conhecer a ministra Dilma a partir do início da campanha. Nos últimos dez dias, podem ter acontecido erros nossos também. Temos que ter humildade de, quando errar, reconhecer. Nós fomos vítimas de uma campanha que lembra o século 19, de calúnias. Isso tudo fez com que o eleitorado que já estava nos apoiando desse um passo atrás”, disse.


Lula com aliados eleitos no Palácio da Alvorada
Lula com aliados eleitos no Palácio da Alvorada
(Foto: Fabio Tito / G1)
 
 
Dilma obteve 46,9% dos votos contra 32,6% de Jose Serra. Para ganhar em primeiro turno é preciso ter 50% dos votos mais um.
Com relação à participação de Lula na reta final de campanha, Campos afirmou que o presidente vai se dedicar como fez no primeiro turno.
“A participação do presidente no segundo turno se dará na mesma proporção que no primeiro turno. O presidente tem suas atividades e vai fazer comícios nos finais de semana, de noite, feriados”, disse. “Esperamos Lula no segundo turno. Um Lula muito paz e amor e vitória”, afirmou.
O governador reeleito Cid Gomes (PSB) falou sobre a possíbilidade de o presidente Lula pedir licença do cargo para atuar mais ainda na campanha de Dilma Rousseff.
"A liderança que ele [Lula] tem pode ampliar ainda mais a maioria que a Dilma já teve, mas ele vai fazer isso sem tirar licença. Ele vai fazer campanha, vai trabalhar, mas sem tirar licença", disse o governador.


Cabo eleitoral

 
Ao sair da reunião, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) disse que se dedicaria “100%” à campanha de Dilma. “Serei cabo eleitoral”, afirmou.
Ele disse que atuará, principalmente, no Ceará, mas que estará disponível para atividades políticas em todo o país.
Ciro Gomes disse acreditar que Marina Silva permanecerá neutra no segundo turno das eleições.
"Eu dou um palpite, sem nada a ver com a coordenação da Dilma: eu acho que a Marina vai se afirmar neutra, porque ela é muito digna. Ela não vai apoiar uma aliança PSDB-DEM, a Marina tem história, vamos devagar com o andor. Agora, ela também está preocupada, com muita razão, com as concessões que o PT andou fazendo", declarou Ciro Gomes.
Sobre o adversário de Dilma, ele disse: "Todo mundo sabe que o Serra é do mal, e eu mais do que ninguém".

Jaques Wagner entra na luta por Dilma Rousseff



Foto: Andréa Farias
“Não podemos perder tempo”, declarou Wagner
Alexandre Lyrio | Redação CORREIO
alexandre.lyrio@redebahia.com.br


Antes de ter confirmada sua reeleição no domingo, Jaques Wagner estava tão confiante que havia programado uma semana inteira de descanso ao lado da primeira-dama, Fátima Mendonça. Ontem, porém, o governador teve que trocar a segunda lua de mel por um mês inteiro de corpo a corpo com Dilma Rousseff (PT), que vai disputar o segundo turno da eleição presidencial com José Serra (PSDB). Wagner promete entrar com tudo na campanha em prol da eleição da ex-ministra. “Mandei suspender a folga. Não podemos perder tempo”.

O governador seguiu ontem mesmo para Brasília, onde se reuniria com o presidente Lula e depois procuraria a coordenação nacional da campanha da candidata do PT. “Vou me colocar à disposição de Dilma. Quero trabalhar muito para a sua vitória”. Quanto aos 20 milhões de votos destinados à candidata do PV, Marina Silva, Wagner aposta que a maioria será transferida para a candidata do PT. “Como disse a própria Marina, ninguém é dono desses votos para o segundo turno. Esses votos são do povo. Mas creio que a bandeira, a postura de Marina, está muito mais alinhada com a gente do que com o candidato do PSDB. Portanto, acho que os votos dela estão mais próximos da gente do que de Serra. Há uma história do PV alinhada com a do PT. E ainda tem a questão de gênero. Dilma e Marina são mulheres”.

Ontem, Wagner acordou cedo para dar entrevista ao vivo no programa Bom Dia Brasil, da Globo. Responderia pela primeira vez, após reeleito, sobre o maior calo de sua administração: a segurança pública. Antes de ir para Brasília, muitas outras entrevistas. Em todas, Wagner estava sorridente e bem-humorado. O bom humor de quem teve uma vitória expressiva, com 3 milhões de votos de frente. Mas não só isso. Wagner viu serem eleitos 22 deputados federais das suas coligações e 44 deputados estaduais alinhados com seu projeto, além de senadores Walter Pinheiro e Lídice da Mata.

Não por acaso, tudo era motivo de graça. Pouco antes de entrar no ar no programa Bahia Meio Dia, da TV Bahia, caprichou na maquiagem e no penteado. “É um making-off o que essa menina está fotografando?”, brincou com a fotógrafa do CORREIO, depois de arrumar os grisalhos. Seguiu, então, para as TVs Record e Aratu. Por onde passou, garantiu que não mexeria agora no seu secretariado. “Não quero pensar nisso agora. Tô mais preocupado com Dilma”. Mas deixou claro que, se ocorrerem, as mudanças nas pastas serão mínimas. “Não é um novo governador eleito. É o mesmo governador reeleito. Não há uma nova orientação. O foco é o mesmo”, disse Wagner. “Alterações sempre ocorrem, óbvio, mas isso independe da reeleição”, observou.

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Lula e governadores mandam Dilma ir logo atrás do eleitor de Marina

por Rodrigo Alvares
Seção: Eleições
05.outubro.2010 12:38:25

Leonencio Nossa, da Sucursal de Brasília

Diante da incerteza de apoio da senadora Marina Silva (PV) no segundo turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seis governadores aliados avaliaram hoje que a campanha da petista Dilma Rousseff deve ir atrás, logo, do eleitorado da ex-candidata. Em reunião pela manhã no Palácio da Alvorada, o grupo deixou claro que vai orientar, ao mesmo tempo, os aliados que têm boa relação com Marina a intensificar as conversas com a senadora, reconhecida como figura importante no jogo sucessório. “A campanha tem de dialogar com o eleitor dela”, afirmou o senador e governador eleito do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), um dos participantes do encontro. “Todos que conhecerem a Marina precisam procurá-la, a própria Dilma tem bom contato com ela.”
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Grupo avalia que a campanha de Dilma não pode ficar refém de temas religiosos. Foto: Celso Junior
Renato Casagrande relatou que o grupo avalia que a campanha de Dilma não pode ficar refém de temas religiosos, como a discussão sobre o aborto. A candidata, segundo o senador, deve reafirmar sempre sua posição sobre o assunto, mas tem de centrar no projeto político do presidente Lula. No primeiro turno das eleições, Dilma se reuniu com representantes de igrejas evangélicas para dizer que era contra ao debate sobre o plebiscito para liberar a interrupção da gravidez. “É preciso deixar claro que a disputa é de projeto político”, afirmou Casagrande. “Dilma não pode ficar presa a um tema religioso, ela tem de tocar a vida.”
Lula não tem “perspectiva” de se afastar do governo para entrar de corpo e alma na campanha, como sugerem aliados como o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB). A tendência é o presidente continuar suas viagens pelo País, inaugurando obras e participando de comícios de aliados, com ou sem a presença de Dilma. Renato Casagrande relatou que Lula está “muito” animado e voltou a pediu empenho dos aliados na campanha. “O presidente e o grupo avaliam que Dilma tem que aproveitar a oportunidade para apresentar o seu projeto político”, disse o senador. “É preciso ir para as ruas.”
Também participaram do encontro no Alvorada o governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, os governadores reeleitos Omar Aziz (Amazonas), Cid Gomes (Ceará), Marcelo Déda (Sergipe) e Eduardo Campos (Pernambuco). Ainda estiveram no palácio os deputados Ciro Gomes (PSB-CE), Armando Monteiro (PTB-PE) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), os senadores Paulo Paim (PT-RS), Edison Lobão (PMDB-MA), Epitácio Cafeteira (PTB-MA), Renan Calheiros (PMDB-AL), Valdir Raupp (RO), Delcídio Amaral (PT-MS) e Cristovam Buarque (PDT-DF).
Ontem, após se reunir com Dilma, em Brasília, o governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse em entrevista que a campanha petista tinha de buscar o eleitorado de Marina e reforçar as semelhanças dos projetos do PV. “As trilas e caminhos da Marina estão muitos mais próximos das trilhas (Dilma) do que dos do outro candidato”, avaliou o governador, referindo-se ao adversário tucano José Serra.

Estados Unidos creem em melhor diálogo pós-Lula

AE - Agência Estado
Embora considere um eventual governo de José Serra (PSDB) mais propenso a um diálogo fluído entre Brasil e Estados Unidos, o Departamento de Estado norte-americano acredita que será possível trabalhar tanto com o tucano quanto com a petista Dilma Rousseff em melhores condições que as registradas nos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo um alto funcionário do governo norte-americano, o Brasil não pode mais ser comparado a outros países da América Latina, nos quais cabe exclusivamente ao "mandatário" definir o tom e o conteúdo das relações com Washington.
"A relação Brasil-EUA é suficientemente madura, intensa e abrangente para ser redefinida pelo novo presidente, seja quem for o vencedor do segundo turno", afirmou. "De fato, Lula estragou um pouco a relação. Mas também fez coisas boas com os EUA, como no caso do Haiti, que é uma questão pendente e com muitos problemas para serem ainda resolvidos com base na cooperação dos dois países."
Na avaliação corrente em Washington, o primeiro turno deu apenas uma pequena chance para José Serra aproveitar em um período de tempo muito curto. Segundo Peter Hakim, brasilianista e presidente honorário do Inter-American Dialogue, um dos principais think-tanks dos EUA, Serra precisará desenvolver um novo discurso e uma lista de propostas originais e convincentes para vencer a candidata do presidente Lula.
"Serra tem chance minúscula. Ele tem de colher virtualmente todos os votos dados a Marina Silva (candidata do PV). Não será fácil para fazer isso, especialmente se ele não mostrar uma razão pela qual as pessoas devam votar nele em vez de votar em Dilma Rousseff", afirmou. "Mesmo que eu concorde que Serra é o melhor e mais bem preparado candidato, ele não tem um programa", completou Hakim.
As apostas de analistas e do governo norte-americano ainda são fortes na vitória de Dilma Rousseff. O Departamento de Estado estuda há meses essa possibilidade, mantendo sempre a convicção de que nenhuma mudança sensível ocorreria na política externa em caso de vitória do PT. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Uma dura lição para o PT

Aldo Fornazieri - O Estado de S.Paulo
Como o processo eleitoral ainda não terminou, o resultado do primeiro turno permite afirmar que o PT saiu dele com uma derrota relativa: não alcançou seu principal objetivo, que era o de eleger Dilma Rousseff sem a necessidade de um segundo turno. De quebra, a oposição saiu fortalecida nas disputas estaduais, com quatro governadores eleitos pelo PSDB e dois pelo DEM. O PSDB manteve os seus dois principais baluartes: São Paulo e Minas Gerais; e o DEM não foi extirpado da política brasileira. A conquista do Paraná foi contrabalançada pela perda do Rio Grande do Sul.
O novo fracasso do PT nos dois principais colégios eleitorais do País revela duas coisas: em Minas houve um enorme erro de estratégia com o não lançamento de uma candidatura própria. Em São Paulo o PT precisa mudar de rumos e apostar em novas lideranças. Com a vitória de Tarso Genro no primeiro turno, o eixo de poder no PT passa por fora do Sudeste.
O resultado final em 18 Estados, com 4 governadores do PMDB, 4 do PT, 3 do PSB e um do PMN, mostra um quadro de equilíbrio entre governo e oposição, o que é salutar para a democracia, já que impede um hegemonismo desequilibrador de uma sigla. A oposição fugiu do apocalipse que se anunciava, é verdade. Mas terá de se reconstruir, pois PSDB e DEM são partidos fragmentos, sem base social e sem eixos programáticos claros, capazes de lhes conferir identidade e sentido.
Marina Silva foi a grande vencedora do primeiro turno. Ganha força para negociar uma agenda com um dos candidatos - Dilma ou José Serra. Um purismo olímpico de Marina neste momento representaria um não dar consequência à sua expressiva votação.
Serra vai para o segundo turno não por méritos próprios, mas graças ao desempenho de Marina. O que ele ganhou é uma oportunidade de se reabilitar, de reconstruir sua credibilidade, de apresentar uma agenda para o Brasil, pois a sua campanha no primeiro turno foi sofrível, errática e sem foco. O segundo turno, de qualquer forma, recoloca em cena aquilo que se previa no início do processo eleitoral: uma campanha dura e polarizada entre Dilma e Serra. Naquele momento se esperava até mesmo que Serra pudesse chegar à frente de Dilma no primeiro turno.
Dilma fez uma campanha centrada nas realizações do governo, mas também deficitária em termos de agenda futura. O que mais pesou para o seu recuo na reta final, e a ascensão de Marina, foram a tradicional arrogância petista, ancorada numa sede desmedida de poder, e a insistência em não aprender com os erros do passado. Três erros graves da campanha governista determinaram o segundo turno.
O primeiro erro foi o escândalo envolvendo Erenice Guerra. Alegar desconhecimento do tráfico de influência na Casa Civil é absolutamente insustentável, pois o governo dispõe da Abin, da Política Federal e de outros órgãos de controle interno para saber o que se passa no alto escalão governamental e no seu entorno. O que o episódio Erenice demonstra é que o PT e o governo abandonaram os cuidados necessários com o tema da moralidade pública, acreditando que o poder é uma espécie de salvo-conduto para práticas antirrepublicanas. Na verdade, desde que chegou ao poder, o PT foi enfraquecendo sua vértebra republicana, caminhando para a vala comum dos outros partidos nesse quesito. Não é raro ouvir de militantes petistas a tese de que sem essas práticas não se governa. O que a evidência tem demonstrado é que a assimilação dessas teses e dessas práticas representa muito mais risco do que benefício político, além de uma descaracterização em termos de valores republicanos.
O segundo erro, na reta final da campanha, consistiu em morder a isca, pisar na casca de banana jogada pelos adversários. Os petistas - presidente Lula à frente - passaram a atacar a imprensa, abrindo o flanco para que proliferassem acusações de antidemocratismo e para que se publicassem manifestos em defesa da liberdade de expressão, reanimando o medo que é tônica nas campanhas desde 1989, quando Lula chegou perto da vitória. O próprio presidente parece ter-se esquecido de que o que ganha votos são mensagens positivas, simplicidade e um estilo "Lulinha paz e amor".
O terceiro erro foi em torno do polêmico tema do aborto. Inicialmente, documentos do PT o declararam a favor do aborto. Dilma manteve uma posição ambígua sobre o assunto até que, na véspera das eleições, no contexto de perda de votos por causa das dúvidas sobre sua posição, ela se manifestou contra o aborto. Mas já era tarde. Aqui também há uma falta de aprendizado com a História. Temas morais, altamente sensíveis para a maioria das pessoas comuns, merecem todo o cuidado no trato dispensado por candidatos majoritários. Um presidente da República deve ser o símbolo da unidade da Nação. Os temas morais polêmicos devem ficar no âmbito do Legislativo.
Dilma e Serra precisam extrair uma bela lição da campanha de Marina. Não são apenas cimento, ferro, estradas e obras que rendem votos. O "eu fiz" ou "fiz mais" também não resolve tudo. Uma campanha para a Presidência precisa irradiar valores vinculantes, uma perspectiva de civilização. Os dois candidatos mais votados pouco falaram de valores.
Uma eleição presidencial é também uma promessa de futuro, uma visão de destino que a sociedade quer e precisa se dar. O futuro não se define apenas no factível em termos de obras, mas também na regulação social pelo metro dos valores. A política é um dos fatores sociais nos quais os indivíduos querem encontrar uma razão de vida. A política é a atividade que consegue configurar de forma mais abrangente um sentido de pertencimento a uma comunidade de destino. Uma disputa presidencial apartada de valores e de sentido civilizador perde a sua razão principal de ser.
DIRETOR ACADÊMICO DA FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO (FESPSP)


PV começa hoje a discutir posição para segundo turno

A cúpula do PV se reúne hoje à tarde com a candidata derrotada à Presidência da República, Marina Silva, para começar a discutir a posição do partido para o segundo turno e também debater propostas programáticas que podem ser negociadas com os candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) para um possível acordo.
Apesar do assédio de tucanos e petistas, os verdes dizem que não têm pressa para definir que rumo vão tomar a partir de agora. 'Quem tem pressa são eles. E eles vão ter de assumir as nossas teses', disse o presidente do PV do Rio de Janeiro, Alfredo Sirkis. Oficialmente, Marina não terá agenda hoje. O local do encontro das lideranças não foi divulgado.
O discurso oficial dentro do partido é de que os interessados no apoio do PV terão de encampar a bandeira da sustentabilidade e que ninguém em nome do partido está autorizado a declarar apoio a Dilma ou a Serra. 'O partido está coeso em torno de um processo. A posição não pode ser de uma pessoa só', afirmou Maurício Brusadin, presidente do PV paulista.
O 'processo' incluirá reuniões entre a executiva do partido, consulta aos eleitores e simpatizantes da candidatura que já vêm se manifestando no site www.movmarina.com.br - em menos de 24 horas o fórum criado no site já reuniu mais de cinco mil opiniões.
A expectativa é de que amanhã o PV divulgue a data de sua convenção para ouvir a militância e, em 15 dias, tenha uma posição sacramentada. 'O partido vai para uma convenção porque isso legitimará qualquer posição', defendeu o candidato derrotado do partido ao governo de São Paulo, Fábio Feldmann. 'Quanto mais transparente (for o processo), melhor será para explicar para a sociedade', completou.
Euforia
Nos bastidores do PV o clima é de euforia com os quase 20 milhões de votos. 'Cravamos a posição de terceira força política, (fato) que nos permite sonhar com a Presidência da República', comemorou Brusadin ontem, após a entrevista coletiva de Marina Silva no antigo comitê de campanha de Fábio Feldmann, na zona oeste de São Paulo. 'O PV de 3 de outubro é outro', afirmou Feldmann.
Em nome da expressiva votação, o partido quer discutir exaustivamente o assunto para não correr o risco de perder o capital político conquistado nas urnas. 'Há uma enorme responsabilidade no trato deste volume de apoio recebido e essa responsabilidade tem de ter como principal foco a nossa diretriz, a nossa visão de futuro', comentou João Paulo Capobianco, coordenador-geral da campanha do PV à Presidência.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Edir Macedo defende petista e vê 'jogo do diabo'

Texto em que chefe da Igreja Universal nega que Dilma tenha dito que nem Cristo lhe tiraria a vitória vai para campanha

30 de setembro de 2010 | 0h 00
 
Uma carta em que bispo Edir Macedo, chefe da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), classifica de "jogo do diabo" e "mentira" afirmação difundida contra a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, virou uma das principais armas do comando de campanha da petista para tentar manter sua vantagem nas pesquisas. Divulgada no blog de Macedo e viralizada por seu perfil no Twitter, a mensagem desmente que a candidata tenha dito que "nem mesmo Cristo, querendo" lhe tiraria a vitória.

Adversário do PT nos anos 80, Macedo chega a afirmar agora que Jesus não precisa "de advogados, nem de assessores de comunicação" e pede que os fiéis pensem e votem de forma "consciente e responsável". O PT divulgou ontem o post "Dilma é vítima de mentiras espalhadas pela internet" no site Dilma na web e ativistas passaram a replicá-la em redes sociais.
"Recebi recentemente um e-mail, destes que em princípio parecem ter o nobre intuito de nos alertar para algo grave", diz Macedo, no texto ilustrado com uma foto de Dilma no debate da Record - rede de TV controlada pela IURD. "A mensagem dizia que a candidata à Presidência da República Dilma Rousseff teria afirmado: "Nem mesmo Cristo querendo, me tira essa vitória". O spam, com texto pobre, dizia: "Após a inauguração de um comitê em Minas, Dilma é entrevistada por um jornalista local..." Como as informações eram muito vagas (um comitê em Minas; um jornalista local), saí em busca de algo mais consistente, como um vídeo da suposta declaração ou ao menos uma gravação em áudio, mas não encontrei nada. Assim, tive certeza que se tratava de mais uma mentira."
Macedo adverte que "pessoas mal-intencionadas têm procurado confundir muitos cidadãos com mentiras mal-elaboradas, a fim de atrapalhar o trabalho sério de alguns candidatos." E pede ao fiel: "Pense nisto." Em tom crítico, afirma que se "os cristãos fossem tão ágeis e eficientes para usar as ferramentas modernas da comunicação na pregação do Evangelho, assim como parecem ser para disseminar boatos, certamente muitas almas seriam ganhas para o Senhor Jesus". E ataca: "Quem pensa que está prestando algum serviço ao Reino de Deus espalhando uma informação sem ter certeza de sua veracidade na verdade está fazendo o jogo do diabo. O Senhor Jesus não precisa de advogados, nem de assessores de comunicação que saiam em "defesa" de Seu Nome. Ele precisa de verdadeiros cristãos, que entendam, vivam e preguem a Verdade."
Segundo ele, "nestes dias que antecedem as eleições, devemos observar se a plataforma dos candidatos em quem pretendemos votar não pode vir a prejudicar a Igreja. Use seu voto de forma consciente e responsável."
O post tem links para duas notícias. Uma tem por título "Boatos tentam desestabilizar reta final da campanha de Dilma" e é do site R-7, da Record. A outra é do site Arca Universal, da IURD: "Dilma desmente boatos na internet". A nota de Macedo foi ao ar anteontem, com a assinatura "Bispo Edir Macedo", sob uma foto do próprio líder religioso, ao lado dos dizeres: "Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima. (Th, 5, 8)".
Convenção. O presidente do conselho político da Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil, pastor Ronaldo Fonseca, disse ontem ao Estado que a denominação religiosa não usará cultos para desmentir acusações contra Dilma, mas contou que estão sendo realizadas reuniões de líderes com esse fim. "Não concordamos com a central da boataria", disse Fonseca, candidato a deputado federal pelo PR - partido da base governista - de Brasília.. "O governo Lula foi bom para o povo evangélico. Não vemos a Dilma como o Demônio não." Para Fonseca, os responsáveis pelas informações falsas não são instituições, mas indivíduos. "Se fossem instituições, seria mais fácil prestar solidariedade (à candidata). São aproveitadores", afirmou.
Fonseca destacou que os evangélicos têm vários segmentos e deplorou que os boatos sejam divulgados. "O que é verdade tem que ser dito. Mas boatos, não. Infelizmente a central de boataria, em política, funciona."