Festa em Porto Alegre foi na avenida João Pessoa, em frente à sede municipal do PT
Foto: Wilson Dias/ ABR/Divulgação
Foto: Wilson Dias/ ABR/Divulgação
Aproximadamente duas mil pessoas comemoraram em Porto Alegre a vitória de Dilma Rousseff (PT) para a eleição presidencial com uma festa na avenida João Pessoa, em frente à sede municipal do PT, na noite de domingo (31). De cima do carro de som, lideranças como o presidente estadual do partido, o deputado Raul Pont, o coordenador do comitê suprapartidário de Dilma no Rio Grande do Sul e prefeito da cidade de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), e o ex-governador Olívio Dutra (PT), fizeram discursos inflamados, ressaltando a importância da vitória. Na rua, tomada pelas bandeiras petistas, a fumaça dos churrasquinhos e dos foguetes, os militantes lamentavam a ausência de alguns líderes ilustres, como o governador eleito, Tarso Genro (PT), que optou por acompanhar a apuração em Brasília. E desconhecia que, no Rio Grande do Sul, ao contrário do que aconteceu no primeiro turno, no segundo Dilma perdeu - por uma diferença apertada, é verdade - para José Serra (PSDB).
Totalizados os votos, no Estado onde a presidente eleita passou parte significativa da vida e consolidou sua trajetória na política, Serra fez no segundo turno 3.237.207 votos (50,94%) e Dilma 3.117.716 (49,06%). Em números absolutos, uma diferença de pouco mais de 100 mil votos em favor do tucano. No primeiro turno Dilma, com 3.007.263 votos, havia ficado com uma margem de 400 mil votos sobre Serra, que havia totalizado 2.600.389 votos. O resultado do segundo turno ficou bem aquém daquele que era aguardado por Tarso. Durante a campanha da segunda etapa da eleição, ele acreditava que Dilma iria, inclusive, ampliar a diferença. O PT gaúcho, que tem a pretensão não apenas de se fortalecer no cenário nacional como de emplacar alguns nomes para o ministério de Dilma, já tenta explicar a virada de Serra. Procura nos mapas as votações por cidades para apontar onde Dilma foi melhor e onde ela foi pior.
Em entrevista a Rádio Gaúcha na manhã desta segunda-feira (1), Tarso avaliou que talvez a petista não tenha obtido o voto do setor da agricultura familiar que votou nele no primeiro turno, mas é vinculado ao PP, uma vez que, no Rio Grande do Sul, o PP fechou com Serra e até promoveu alguns atos de campanha no segundo turno.
Segundo Pont, o partido entendia que como no primeiro turno a votação de Marina Silva (PV) havia sido significativa no Estado, os votos da senadora iriam se redistribuir entre Dilma e Serra no segundo, mas ressalva que isto pode não ter acontecido.
"Também houve um elemento forte, que foi o processo de preconceito, que deixou muita gente na dúvida. E pode ser também que tenhamos avaliado mal e feito uma campanha menor do que deveríamos", admite.
Do lado serrista, a avaliação é de que o ingresso da maior fatia do PMDB na campanha de Serra e a intensificação de agendas de tucanos e aliados no Estado foram fundamentais para a vitória. Candidatos derrotados na eleição para o governo e o Senado, os peemedebistas José Fogaça e Germano Rigotto abriram o voto para o tucano. Deputados peemedebistas como Osmar Terra, Darcísio Perondi e Alceu Moreira fizeram campanhas fortes em suas bases. "Lutamos pela virada porque havia 2,5 milhões de gaúchos que não haviam votado nem na Dilma e nem no Serra no primeiro turno", resume o coordenador do Movimento Suprapartidário Gaúchos com Serra, o deputado federal Germano Bonow (DEM).
Nos bastidores, tucanos gaúchos e seus aliados peemedebistas aproveitam para colocar "lenha na fogueira" dos adversários. "O PT aqui está enrolado com as disputas para compor o secretariado do Tarso, e acabou não dando a energia necessária para a campanha da Dilma", alfineta um peemedebista. Os petistas, por sua vez, dizem que a saída da governadora Yeda Crusius (PSDB) da disputa após o primeiro turno (ela, que tentava a reeleição, sempre ostentou altos índices de rejeição nas pesquisas), ajudou o tucano.
Para além das estocadas mútuas, é fato que Serra veio três vezes ao Rio Grande do Sul na campanha do segundo turno. Dilma veio uma. No dia 31, voltou para votar.